quinta-feira, 2 de abril de 2015

As aparências enganam

Eureka! Matamos a charada. Uma questão de semântica e estilo, iniciada na escolha do pronome pessoal. Parece obscuro mas é muito simples, conforme a demonstração. Já adiantamos que a descoberta impõe mudança de estilo e consequentemente, de rumo (assim o esperamos), uma adequação.

Em virtude de recentes e distantes acontecimentos estivemos matutando sobre as  atenções e baterias direcionadas a este Blog e, via de consequencia, como dizia falecido político mineiro, à sua escriba. 

Tem-nos parecido, salvo melhor juízo, desmesuradas, inexplicáveis até, a não ser que ... Sim, é isso. Aí entra o véu de Maya (ilusão), ao qual estamos todos sujeitos. 

Supomos que tudo iniciou nos primórdios deste caderno, recebemos já ali acerba crítica. Afinal, os relatos serão na primeira pessoa do singular, "eu", ou na primeira pessoa pessoa do plural, "nós"? Tem que definir. Critica anotada, de regular embora contundente interposição, procedente, afinal.

Ganhou o "nós", e cismando os leitores com o motivo, vem a explicação. Simples, para não ficar cabotino, jactante e antipático. Este o primeiro motivo. A ele somaram-se, a empatia e a simpatia do "nós" com o leitor, especialmente com o advogado. Afinal, o tema, ou o leitmotiv (alemão, motivo condutor) é a rotina e ofício de uma advogada, que é ou poderia ser a rotina de qualquer advogado. Estamos aqui falando de advogado para advogado, eventualmente de advogado para leigo, simpatizante, ou não, como soe acontecer.

Este cândido, singelo motivo ganhou contornos outros, concluímos agora. Contornos de fileiras, hostes, pelotões. Intérpretes desavisados, batendo com o "nós" a partir de então, adotado como regra de redação supuseram (supomos nós), uma reunião, uma coleção de advogados combativos e combatendo que se punham a despachar, redigir, interpor e aborrecer os outros.

Quando se trata, na realidade, de uma única pessoa a cometer os verbos acima, despachar, redigir, interpor e aborrecer, eventual e involuntariamente, fique claro.

Ainda oblinubilados por Maya, a ilusão, e não afeiçoados à Estilística da ironia adotada pelo Blog, creram os intérpretes firmemente em uma frenética redação lotada de pares e até no bunker. Só pode. Daí as baterias.

Decerto os intérpretes não leram a parte que falava do Bloco do Eu Sozinho, e nas trocentas vezes em que figuraram nesta página "somos um nada" (aprendido de colega advogado), e "somos uma voz clamando no deserto". Ou, numa exegese selvagem, imaginaram aí escondida a ironia, que queríamos dizer exatamente o oposto. E mais, que tal linguagem messiânica revelaria a existência de uma seita ou grupo, este pior do que aquela. Só pode.

Como se vê, o uso da ironia é um perigo em tempos rudes como o nosso.

Banido deste Blog o uso do pronome pessoal na terceira pessoa do plural por induzir intérpretes a erro quanto às dimensões, alcance e intenções deste caderno. 

O amor ao Estado Democrático de Direito tem se mostrado uma arrematada bobagem neste país.

Era o que tinha (vejam, alteração de pronome pessoal em curso) a dizer aos caros seis leitores nesta data. Excelentes leitores, é verdade, valentes, de bom gosto, argutos, mas seis; vá lá, dezesseis leitores.

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